"E na clareza das palavras o mundo se fez entender..." (Victor Ferreira)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Projeto Felizconto. Quem somos?


Junho de 2009. Mês em que o sonho nasceu. Pré-vestibular. Pouco restava tempo destinado às atividades que me realizavam por completo. Ficar longe dos palcos, textos, ensaios e daquela rotina para mim essencial era quase que tortura.

Duas semanas foi o período dado no ano letivo para que os alunos pudessem usufruir de recesso. Não houve outra! Senti que o tempo precisava ser bem empregado e, na verdade, ele foi muito mais que isto. O tempo me permitiu dar origem a um projeto que aflorou ainda mais a minha sensibilidade, me fez um cidadão ainda mais consciente de minha função social e um ser-humano ainda mais investidor do amor por intermédio da solidariedade.

Em princípio chamada de "Embola", a ação foi programada de maneira que na primeira semana das férias os ensaios de um espetáculo infantil pudessem acontecer e os dias seguintes fossem ocupados pela apresentação deste em 5 instituições de caridade. Assim foi feito. Juntei-me com três amigas, também envolvidas com o trabalho teatral, e no mini-prazo montamos a peça "Embola História", cujo roteiro tratava da junção de três contos: "Chapeuzinho Vermelho", "João e Maria" e "Procura-se um Príncipe". Em 40 minutos de apresentação, sentíamos o puro envolvimento das crianças e o quanto era simples levá-las por alguns instantes a mundos extremamente lúdicos.

Terminado o proveitoso recesso,a correria de pré-vestibulando voltou à tona. No meu coração, entretanto, a lembrança dos sorrisos mais singelos e agradecidos não permitia que eu deixasse para trás um projeto assim.

Janeiro de 2010. Aprovado no vestibular, não mais havia pretexto para estacionar o voluntariado. Com o desencontro de horários, acabei, infelizmente, tendo que levar o projeto só, mesmo reconhecendo mais tarde que, na verdade, eu, no meio de meu generoso público, também estava bem acompanhado. Estava completamente envolto por amor, carinho, encanto e admiração.

Agora chamado de "Felizconto", o projeto traz como roteiro uma contação de histórias onde o personagem Teco, em pouco mais de 20 minutos, representa, através de recursos teatrais, as histórias "Bom Dia, Todas as Cores", de Ruth Rocha, e "As Maçãs Mágicas", de minha autoria. Terminada a contação, são desenvolvidas atividades que se relacionam de alguma forma com as histórias, e crianças, pais e funcionários acabam por deixar sem perceber a imaginação dar o comando.

Com primeiras edições no Hospital Infantil Varela Santiago, o projeto engatinhou e passou a visitar demais instituições de caridade. Chegamos ao Orfanato Nosso Lar, no bairro de Lagoa Seca, e ao Centro de Educação Infantil Mãe Sinhá, em Parnamirim. Bem recebidos, colorimos por corridas horas a dura realidade de inúmeras crianças.

Ter sempre ao meu lado pessoas que apostam e compram os meus sonhos comigo é primordial. Familiares e amigos se envolveram no projeto de maneira estimulante. Fosse por doação de materiais, fosse por doação de amor, ou de pura entrega. Em visitas, o projeto também recebe voluntários que se engajam de alguma maneira no trabalho. Não houve uma edição que eu precisasse de amigos comigo e que estes não estiveram à disposição. A todos o meu muito obrigado.

Depois de 20 edições, o projeto vem se organizando e ganhando forças com o apoio de parceiros humanizados e realizadores de sonhos. Para o próprio voluntário, o retorno é mais que valioso. Somente o fato de saber que é útil e importante para alguém que precisa dele já é em muito encantador.

Hoje, a inserção do "Parceiro Felizcontente" acontece de diversas maneiras. As atividades são divididas entre grupos, de maneira que, quando unidos, possam realizar as edições do projeto:


1) Voluntariado de Animação

A ação se dá pela visitação dos voluntários às instituições e à execução de atividades recreativas com o público atendido.


2) Voluntariado de Apoio

Também requer a visita do voluntário às instituições e consiste no apoio deste quanto aos serviços necessários para o evento, seja na cozinha, seja no transporte, seja na montagem de estrutura, na limpeza, ou na instalação de recursos utilizados no evento.


3) Voluntariado de Produção

A este voluntário é dada a função de promover, divulgar, bem como reunir os integrantes para o planejamento de programação. Também compete a ele o agendamento de horários, a apresentação do projeto e o cadastramento das instituições.


4) Voluntariado Financeiro

Consiste na doação de materiais utilizados pelo projeto nos eventos. Para isso, uma lista de material é sistematicamente divulgada e o voluntário pode arcar com algum tipo de contribuição.


As visitas hoje ocorrem semanalmente, sendo intercaladas entre o Hospital Infantil Varela Santiago e o Orfanato Nosso Lar. Em breve daremos início às edições também em outras instituições. O integrante pode engajar-se em mais de um serviço voluntariado.

É de maneira singela que conseguiremos transformar a nossa sociedade. É tentando, de início , envolver de amor o meio no qual estamos inseridos para que o afeto seja expandido e o mundo possa, ainda, mudar para melhor. É possível ver tudo o que está acontecendo e ficar parado? Se temos acesso a ferramentas que podem ser usadas para as mudanças, porque não usá-las? Porque não engajar-se?


Para tornar-se "Parceiro Felizcontente", entre em contato conosco, através de projetofelizconto@hotmail.com. Contamos com você nessa empreitada por quem precisa da gente!


Victor Ferreira

Projeto Felizconto

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Engaje-se! Seja um amigo Felizcontente!


Há três meses o Projeto Felizconto arranca sorrisos em diversas instituições filantrópicas de nossa cidade.

Constituído essencialmente de uma lúdica contação de histórias executada pelo ator Victor Ferreira, fundador do projeto, este ainda recebe voluntários que atuam de diversas maneiras nas ações realizadas, sempre acrescentando e oferecendo um maior entretenimento às crianças atendidas.

Hoje funcionando de maneira sistemática no Hospital Infantil Varela Santiago e no Orfanato Nosso Lar, a ação ainda procura chegar a novas instituições, buscando a qualquer modo encantar e acalentar os pequenos corações.

Se você acredita na função social que o ser-humano tem para com o meio em que está inserido e aposta na transformação da sociedade por intermédio do amor, junte-se a nós! Seja um amigo Felizcontente. Os campos de atuação são diversos, mas o resultado um só: Gratificação.

Para melhor conhecer o projeto, receber nossa programação, ou aliar-se a nós, entre em contato conosco: projetofelizconto@hotmail.com


"A avaliação final da sua vida não será feita pela apreciação de quão bem você viveu, mas sobre quão bem, ou não, viveram outras pessoas por causa de você..." (Bill Gates)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Falta sentido

"...Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção..." (Oswaldo Montenegro)

Desde que criado, o universo vem sendo berço de mudanças que mantêm viva a sua dinâmica. O mundo se adapta incessantemente às novas condições sem que haja um limite para as descobertas.

O tema é bem sugestivo se relacionado ao último artigo que aqui publiquei, onde tratei de uma mudança pela qual passei. Entretanto, não foi ele que me inspirou. Dias atrás, uma notícia me chocou e provocou até demais. A provocação não foi de reflexão, mas de absoluta repulsa. O Diário de Natal publicara a notícia de que um performer (artista que trabalha com a arte performática) houvera, durante a abertura do XIII Salão das Artes da Cidade do Natal, realizada no Nalva Melo Café Salão, retirado um rosário do ânus. O incômodo, primeiro, foi por saber que a arte, criada para progredir e elevar o intelecto do nosso povo, vem sendo instrumento de regressão. Depois, por ser artista, e reconhecer que dentro de nossa classe há tamanha barbárie. De ante mão, vale ressaltar que o que aqui escrevo nada faz referência ao artista que executou o trabalho, mas ao resultado que essa forma de expressão artística e a manipulação da arte contemporânea, em geral, vêm trazendo. Melhor, não trazendo...


Qual grande transformação ocorreu na nossa sociedade de forma instantânea e drástica? Qual foi a revolução que se deu do dia para a noite modificando realmente e totalmente o ser-humano e o meio no qual estivesse envolto? Nem Napoleão, na inovadora e gigante Revolução Francesa, mudou o sistema num piscar de olhos. Havia, antes de tudo, toda uma bagagem que tornava favorável a mudança e esta, antes de mais nada, era coerente. Ou seja, o que quero dizer é que não há transformação sem singeleza. Não é de forma brusca que uma lagarta vira borboleta.


A Performance tem origem ligada a movimentos de vanguarda. As apresentações, inusitadas, procuram levar o público a uma reflexão, em geral sobre os valores modernos, e não poupam irreverência e questionamentos. Há no artista contemporâneo uma crítica de si mesmo, de maneira que se generalize, visto que ele pertence a uma sociedade. Na arte dramática, este chega a construir meios-personagens, numa mistura que confunde e mal-delimita, em cena, quem é ator e quem é personagem. Acredita que essa proximidade íntima com a sociedade moderna possa levá-la a uma reflexão. De primeira instância, louvável, visto que se faz necessária a revisão dos valores distorcidos. O que está acontecendo, entretanto, é que em vez de permitir tal reflexão, as manifestações só confundem, chocam e afastam o público do teatro.


De que maneira vamos conseguir uma platéia viva e satisfeita se não procurarmos usar de sua linguagem? Se não procurarmos colocar a reflexão como conseqüência de nosso trabalho e não como condição para que ele seja feito? Porque não usar do humor? Porque não usar da clareza? Porque não usar da leveza? Isso! Leveza! Um público que vai ao teatro já tem por si só as tensões do dia-a-dia. Entrar numa sala de espetáculos e se ver tensionado por cenas confusas e incoerentes é demais! Paciência! Queira sim, queira não, a arte é um comércio. E se não o público, quem nos sustentará? A própria classe?


Não é a toa que os espetáculos de humor, as boas histórias e os grupos conceituados lotam os teatros de nossa cidade. Público nós temos sim! O que falta é uma compreensão para com esse público e uma vontade de chegar até ele.

Não me interpretem mal, por favor. Não estou dizendo que devemos manter os valores perdidos e agüentar calados as aberrações da sociedade sem usar da arte como um meio de protesto. Jamais! Seria uma crueldade, visto que é do artista ser engajado. O que eu ponho em questão é a forma como fazemos esse protesto. Se o envolvermos de doçura, bom-humor, leveza e, principalmente, entretenimento, chegaremos a uma resposta muito mais rápida e lucrativa. Para o público, um programa realmente agradável. Para o artista, admiração e apreço ao seu trabalho.