"E na clareza das palavras o mundo se fez entender..." (Victor Ferreira)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

HOJE TEM VIDA NO CIRCO? TEM SIM, SENHOR!

O alagoano José Milton, que há quase quatro décadas leva alegria ao picadeiro, conta a história do personagem conhecido nacionalmente

Victor Ferreira
Foto: Érica Lima

Após a terceira tentativa de fugir de casa para seguir o rumo com o circo que se instalava na cidade, José Milton, na época com 13 anos, foi chamado pelo pai para uma conversa séria - Quem sabe não posso realizar seu sonho? Quer ir embora com o circo? – perguntou. O jovem não hesitou. A princípio estranhou, visto que este mesmo homem lhe houvera buscado no picadeiro nas outras frustradas tentativas de fuga - É o que mais quero em minha vida – respondeu. Mas não tardou para que o menino reconhecesse o pai - Vá embora com o circo, na condição de nunca mais voltar.

E assim o fez. Saiu de casa sem a benção do pai, foi-se com a trupe e nunca mais voltou. Estava decidido a enfrentar tudo em nome do seu sonho.

Não tardou para que José Milton encontrasse razão nas palavras do pai. Viveu de perto a humilhação, o sofrimento e o esgotamento. Lembra-se com tristeza de quando, ainda vigia do circo, tentava assistir ao espetáculo e, em uma breve desatenção, as crianças pulavam as grades. No fim das contas, tudo era descontado do seu salário.

Aos 15 anos, foi chamado para trabalhar em um circo menor, e o sonho pareceu estar mais perto de suas mãos. No novo emprego, tornou-se malabarista e passou a participar dos espetáculos. Com o tempo, aprendeu o número das dublagens, trapézio, mágicas e arremesso de facas. Mas foi em Rio Largo, cidade de Alagoas, que finalmente pôde conquistar as gargalhadas da platéia, quando convidado para substituir de improviso um palhaço que adoecera. De última hora, apressado em montar o número, perguntou ao chefe que nome daria o personagem – Desmantelo - ele sugeriu. O artista acatou. A platéia, o dono do circo, e o próprio José não imaginavam que estavam diante de uma das maiores promessas da arte circense do Brasil.

Quando se apresentava em uma sessão do circo em que José trabalhava, o compositor Luiz Gonzaga, já conhecendo o talento do artista, afirmou - Desmantelo é um nome feio para você. Ponha Facilita, o nome da minha música - e os caminhos foram facilitados para o palhaço.

Com o tempo, sempre organizado financeiramente e dispondo de equipamentos de cena bem cuidados, pensou ser a hora de montar o próprio espetáculo. Quando o circo se preparava para partir de Natal para a cidade de Arapiraca, José decidiu que era o momento de erguer o sonho.

Da estrutura que havia partido, restavam quatro fardos de lona, algumas tábuas da arquibancada e poucos utensílios de cena. Juntou com outros materiais, buscou o dinheiro guardado, e em pouco tempo a cidade de Macaíba recebia a estréia promissora do Circo do Palhaço Facilita.

A partir de então, sucesso, descobertas, gargalhadas, risos e muita alegria. Dividiu-se em números variados no espetáculo e conquistou a platéia na companhia da sua adorada macaca Xuxa, que há 27 anos colhe os frutos do estrelato. Legumes e frutas sempre em abundância e um camarim especial, onde estão guardados os seus figurinos para acompanhar Facilita no momento do show.

O artista mora no trailer que viaja com o circo. O espaço de pouco mais de 15 metros quadrados comporta sala, banheiro, quarto e um corredor que utiliza como camarim para montar o personagem. Se perguntado sobre a mistura entre o espetáculo e a realidade, José é conciso – Jamais. Do picadeiro para dentro, sou Facilita. Do picadeiro para fora, sou José Milton.

A pasta d água, o batom e o lápis preto escondem as rugas de alguém que já viveu muitas experiências. Sentado na escada do picadeiro, José contrasta a maquiagem e o figurino quando deixa as lágrimas escaparem e se recorda, com tristeza, da morte da mãe, e de quando, há 10 anos, sofreu um infarto no palco.
Hoje, com problemas de saúde, não se sente seguro para viajar pelos municípios com o espetáculo. Com o circo instalado na Zona Norte e prestes a partir para o bairro Planalto, ele se lembra do carinho que recebia do público quando passava pelos interiores e de quantos sorrisos já arrancou de quem lhe assistia. No picadeiro trabalham 13 artistas, que se dividem entre as várias funções com o José Milton.

Disposto a conquistar o sorriso da equipe pequena que fazia a reportagem, Facilita tenta alguns números. Manipula malabares, toca fogo na caixa que sai um pato são e salvo e faz pombos aparecerem dentro de um prato. - Isso que eu faço. Isso que você faz. O que todo mundo faz é encantado, se for feito com amor - conclui.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Câmeras nossas


Pela décima primeira vez, o reality show que dispara o IBOPE da Rede Globo e movimenta as noites de verão de milhões de espectadores vai ao ar. E pela décima primeira vez, o processo aqui fora se repete. O programa é criticado, a edição é apontada como a pior, de mais baixa audiência, de menor nível moral dos participantes e de mais ridículas situações. Entretanto, há 11 anos o BBB é exibido e ao final de cada ano o público já se anima ao descobrir que a edição anterior não tivera sido a última.



Será que a repulsa de muita gente não é a de se ver retratada no tipos sociais que compõem a equipe de participantes e não querer admitir que o que se passa de ridículo nas personalidades e atitudes dos jogadores é somente um retrato dos valores que abrangem a nossa sociedade? Porque tanta repulsa? Porque tanto alarme? As novelas são criticadas por tratarem a realidade longe do que ela é. O BBB é criticado por deixá-la clara demais. Vai entender!



Apostar que a produção do programa forja as situações e estabelece uma espécie de roteiro para atrair audiência é uma maneira de não admitir que o ser-humano é capaz de tantas atrocidades para conseguir o que quer. Maquiavel já explicava isso muito bem quando alegava que os fins justificavam os meios, quaisquer que fossem estes. O que choca é saber que gente como a gente constrói esse leque de confusões, e se a baixaria é grande, não é por culpa da produção, do apresentador (apontado por Veríssimo) nem do repórter acéfalo (assim determinado pelo escritor), é tão somente por culpa da desvirtuação de princípios que nossa sociedade vem sofrendo.



Luís Fernando Veríssimo, num artigo escrito em janeiro de 2011, critica o repórter acéfalo por este falar que a casa está cheia de heróis. O escritor alega que heróis de verdade estão dando duro, trabalhando por uma vida digna, a trancos e barrancos. Tudo bem! Certíssimo! Mas fora da casa, os participantes são o quê? ET´S? Vieram de onde? Não vamos longe, o Big Brother já premiou duas empregadas domésticas. Aí é que está! É gente do nosso mundo, do mundo real, gente que trabalha, estuda, transa, come e dorme, que se encontra no confinamento vigiado.



É essa "baixaria" que mantém viva a audiência do programa e garante o assunto do almoço de domingo. Essa baixaria, na verdade, está presente em outros contextos do nosso cotidiano de maneira bem mais próxima e constante. E ver o nosso cotidiano na televisão pode não ser tão agradável para quem não reconhece nem aceita como real aquilo se passa.



"BBB não é cultura". Pra início de conversa, o que é cultura? Existe conceito que a defina? Não é algo que em gira em torno da manifestação de uma época? O retrato de um momento? Em pleno século 21, na era da bicicletinha e do rebolation, quem deveria habitar a casa por 3 meses? Clarisse Lispector, Olavo Bilac e Machado de Assis?



Não me interpretem mal nem me considerem adepto da falta de princípios. De forma alguma! O que faço aqui não é uma apologia ao programa, mas uma crítica ao ataque que este sofre. Um reality show com esses escritores com certeza provocaria conversas produtivas e transbordadas de poesia. Para mim e outra pequena parcela da população, este seria melhor. Mas infelizmente vivemos num tempo em que a unanimidade é outra, e é essa unanimidade que no fim das contas vai pagar o salário do apresentador, do repórter acéfalo e alimentará o prêmio de 1,5 milhão de reais. Quem dita que grade de programação permanecerá no ar é tão somente a população.



Antes de criticar, portanto, vamos pensar mais. Analisemos se a hipocrisia não está bem perto. Muito cuidado ao tentar ser intelectual, porque quem realmente pensa com objetividade sabe que existe tema muito mais alarmante para ser criticado e discutido.



quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tablet da felicidade


No início deste ano publiquei aqui no blog um artigo cujo tema abordava a contradição que o uso da internet e dos meios de comunicação modernos vêm apresentando. O texto ressaltava que embora tais instrumentos encurtem as distâncias comunicativas, as relações humanas têm sofrido um distanciamento, uma superficialidade cada vez maior.


O tema volta à tona. Eis que com o surto dos Ipads, Smartphones, e a acessibilidade cada vez maior a computadores portáteis, tal como aconteceu com os aparelhos celulares ao longo da década de 90, pude dar de cara com cenas que revelam a alienação que o homem moderno se deixa levar.


Escrevo agora num ônibus a caminho da universidade. Ao meu lado está sentada uma jovem que escuta algo com fones no ouvido. Nas cadeiras da frente, uma senhora bem arrumada e um rapaz estudante também portam os ouvidos biônicos. Há pouco, um pedinte irreverente entrou no transporte e contou piadas que levaram os passageiros aos risos. Os musico-antenados mal se tocaram que existia alguém fazendo humor alí. Perguntar a hora, comentar sobre o calor, reclamar que o ônibus pára demais ou falar que o engarrafamento na Hermes é de tirar a paciência, só se for em consentimento ou telepatia. Nem mais engatar um diálogo curto, de ideias trocadas em vão, seria possível numa circunstância desta.


Aí me lembrei de uma senhora pra lá de caduca, que certa vez entrou no ônibus quando eu me acompanhava de um amigo. Ele ofereceu o seu lugar e ela aceitou. Só que permaneceu em pé, com a cadeira desocupada.


- A senhora não vai sentar? - Perguntei.


- Vou, meu filho. Estou esperando a cadeira esfriar!


Quando a figura finalmente se sentou, iniciamos um papo daqueles. Cheio de viagens, cronologia, abstrações, risos e muita, mas muita sinceridade. Em meio às suas pérolas, chegamos ao assunto Universidade. Entre mordidas no sabugo de milho que carregava e remexidas nas suas várias sacolas, ela indagou:


- E você já faz faculdade?


- Faço! Faço sim.


- Faz o quê? Direito ou Medicina? Vai ser doutor?


- Não! Eu faço jornalismo!


- O QUÊ? JORNALISMO? - Arregalou os olhos.


- Aham


- Vixe Maria... Meu filho, se eu lhe disser uma coisa, você promete que não fica chateado?


- Pode falar.


- Minha amiga tem uma filha que fez isso e hoje ela faz sabe o quê? Quentinha, meu filho! Quentinha!


Mal consegui respondê-la. Já me perdia em risos. Que figura!


- Mas minha senhora, ou a filha da sua amiga não era uma boa jornalista ou ela realmente gostava de fazer quentinhas e estava fadada a isso. Deveria ter feito gastronomia!


- E é?


- É. É sim!


O papo ainda se estendeu por um bom tempo e ela finalmente aceitou minha escolha profissional. Perguntou até se eu queria apresentar o Jornal Nacional. Respondi que seria uma boa, mas ela completou:


- Mas só quando "Boni" morrer, né?


Quanta programação! Cheguei à aula motivado. Sem ironia! Motivado sobretudo a escrever sobre isso. Porque cada vez mais tenho a certeza de que a comunicação move o mundo. E um papo assim, mesmo sem escrúpulo algum, deixou-me muito melhor que um silêncio provocado pela alienação tecnológica.


Outrora, aguardava minha vez num consultório médico quando algo parecido me chamou atenção. Um casal de seus aproximados 30 anos navegava nas redes sociais pelos seus Smartphones e empolgava-se nos papos que alí eram gerados. Víamos nas feições. A diferença é que cada um utilizava o seu, em mundos que pareciam completamente distintos. Tão conectados virtualmente, mas completamente dessintonizados na vida real.


Entendam que minha posição não é anti-tecnológica nem de aversão aos instrumentos que só vêm para simplificar a nossa vida. Ao contrário, sou adepto das redes sociais (muito embora ainda não tenha aderido ao Twitter) e acredito numa comunicação, tal como numa cultura digital. Mas o erro está no uso com que estes instrumentos estão sendo manipulados. Lembro-me de uma amiga mais velha contando que assim que o aparelho televisor foi lançado, a rua inteira se juntava na casa de sua vizinha para ver, mesmo completamente mal sinalizadas, as imagens que ali surgiam. O problema não deve estar na inovação em si.


Vamos à teoria. Para o jornalista e acadêmico Muniz Sodré, há uma diferença enorme entre vínculo e relação. Vínculo seria um contato profundo, surreal ao sujeito. Já a relação se estabelece nos contatos sociais, de padrões pré-estabelecidos. Portanto, pode-se ter uma relação sem se estabelecer um vínculo.


A visão de Sodré se aproxima da visão do estudioso em comunicação Martin Barbero, quando este relata, em entrevista cedida à Folha de São Paulo, que as redes sociais da modernidade permitem um gigantesco contato entre os seus usuários, mas é utópico pensar que vínculos também são estabelecidos. A sociedade moderna é completamente distinta da comunidade originária, onde os vínculos eram realmente presentes.


Portanto, em vez de realmente haver uma democratização e um avanço nas relações sociais, já que os caminhos para isso se apresentam bem mais abrangentes, internautas e adeptos da tecnologia vivem mundos cada vez mais fechados, irreais e repletos de ilusão.

Assistia a uma aula cuja professora, completamente antenada nesse mundo à parte (Sodré define como Bios Midiático), soltou que seu sonho, naquele momento de sua vida, era um Tablet. Alguns arregalaram os olhos. Que sonho mais puro! Que sonho mais singelo! Tanta gente sonhando em ganhar na Mega-Sena, viajar pela Europa, etc. e a minha professora sonhando com um tablete?

- Tablete de quê, professora? - Um colega perguntou.

- Ora, ora, ora. Você não sabe o que é um Tablet? - Retrucou espantada. O Bios que ela vivia não era o que meu colega, nem muito menos eu, vivíamos.

- Tem vários, professora. Pode ser de chocolate, rapadura...

A turma caiu em risos. Só mais tarde descobrimos que Tablet era mais um mundo portátil, que devia conter mais e mais funções que faziam a professora estar aqui e alí ao mesmo tempo. Algo como o aparelho que ela usou quando esperávamos há mais de meia-hora por sua aula e seu Twitter declarou "Estou presa num engarrafamento".

Findo então meu desabafo. Mais uma vez, peço que não me interpretem como um Fred Flintstone ou um atrasado no tempo. Estou nos sistemas de mensagens instantâneas, nas redes sociais, e quem sabe mais à frente até com um Tablet, embora ele não venha a ser, jamais, o condicionante de meus sonhos ou de minha felicidade. Que todos esses meios possam ser instrumentos de construção e fortalecimento de relações, e que não mais fujam da realidade na qual estamos inseridos. Corpo a corpo, telefone, email, MSN, scrap, SMS, Twitter, blog, não importa. Em todos prezarei pela comunicação sincera, direta e eficiente.




domingo, 21 de novembro de 2010

Nada demais vai acontecer

A história que aqui segue é real* e fez parte do baú de tesouros que descobri nos 7 meses de trabalho no H. I. Varela Santiago, instituição que me permitiu crescer sem freios como ser-humano, como cidadão, como espírito.
Muito embora esteja dotada de muita religiosidade, visto que esta era uma característica marcante do personagem que a ilustra, a magia que havia nele está longe de ser classificada como qualquer coisa criada pelos homens.
Embarquem na história mais impressionante que eu já ouvi. E mais, que eu tive o presente de conhecer quem a vive. Boa leitura!

*Os nomes são fictícios


9h15. Terça-feira. Lá fora o dia era de sol. O calor tomava conta do pátio do COHI (Centro de Onco-Hematologia Hospitalar), e eu, já aborrecido, esperava há 15 minutos por uma reunião que atrasara, quando Eduardo, o protagonista dessa história, pendurou o soro no suporte que se encontrava em frente ao conjunto de cadeiras no qual eu estava sentado, acomodou-se, e falou com a voz embargada:

- 45 dias.


Meu rosto enrubesceu e uma vergonha que nunca havia sentido antes tomou conta de mim. Vergonha de mim mesmo.


Como considerar justificável o incômodo que eu sentia há pouco menos de meia hora por ser contrariado no horário marcado para a reunião tendo ali, ao meu lado, com o espírito resignado, mas cheio de determinação, um jovem que naquele mesmo dia completava 45 dias de isolamento dentro de um hospital, quebrado exceto com as visitas que fazia ao H. U. Onofre Lopes, para submeter-se aos procedimentos de hemodiálise? Eduardo há 3 anos fora acometido por um tumor na bexiga.


Como considerar justificável o incômodo de alguém saudável, que estava no ambiente de trabalho, fazendo a "máquina da sociedade" funcionar e que mais tarde voltaria para casa e encontraria ao seu dispor o suprimento de quaisquer necessidades afetivas ou materiais, tendo ali, ao meu lado, um jovem de idade aproximada, sofrendo as conseqüências do processo de quimioterapia, assegurado de soros, sondas e fraldas descartáveis, e com a mãe desempregada? Tal vergonha me roubou as palavras. Eduardo, numa sabedoria já pertinente, percebendo minha falta de graça, prosseguiu:

- Cada vez que eu me interno é uma experiência nova. Nessa, eu vi que é necessário tomar água. Mas que venham as próximas. Se Deus me trouxe isso, deve haver seu propósito.


A observação poderia ser um clichê. Um clichê de consolo. Sobretudo de fé. Que embora verdadeiro, nem sempre condiz com a revolta e a tristeza que moram no coração do falante. Mas nas palavras de Eduardo brotava uma espiritualidade que durante mais 2 horas fizeram-me não mais me sentir aqui, perto dos demais. Sem sombra de dúvidas, Eduardo não era mais um.

Procurando descontrair o papo e ser o mais natural possível, muito embora fosse impossível não perceber o meu deslocamento, perguntei-lhe sobre a sua namorada. Como se não bastasse, o namoro que há pouco mais de 1 ano Eduardo sustentava também era recheado de problemas. A família de Cristiane não aceitava o fato da moça namorar com um "doente", com um rapaz que sequer poderia ter filhos. Chegando a ameaçar a moça caso esta mantivesse o relacionamento.

- Hoje completamos 1 ano e 3 meses. Mais tarde ela vem me visitar. Veio todos os dias – Eduardo exclamou.
Para passar o tempo, propus que escrevesse uma carta à moça. Adiantei-me e peguei papel e lápis. Escreveu. Em suas entrelinhas, agradecia o apoio, agradecia por amar-lhe do jeito que ele era e prometia um amor eterno. Na verdade, tudo que viesse de Eduardo não podia pertencer ao mundo carnal.

Convidou-me para ir ao seu leito e mostrar alguns escritos que havia produzido no período de internação. Ajudei-lhe com o soro e fomos até a enfermaria. Chegando lá, deitou e pediu que eu apanhasse o caderno que estava sobre a cadeira. A cadeira que também apoiava um gibi e um livro de biologia. Achei curioso este último, visto que em detrimento da doença tivera que abandonar a escola. Perguntei-lhe o porquê de ler aquela apostila.

- Quero fazer a faculdade de medicina. Quero ser doutor e trabalhar aqui, no hospital.

Levei o caderno à cama e as palavras que dalí saíram me tocaram com tamanha profundidade. Na primeira página, estavam dispostas bem assim:

“Deus. Quero te agradecer porque em 2008 tu me tiraste da cama e me fizeste nascer de novo. Muitas vezes ainda não sei como agradecer. Mas agradeço pelas dores. Pelas sondas. Pelas cirurgias e pelos sangramentos. A missão não terminou.”

Qualquer pessoa que não conhecesse o jovem e recebesse aquele caderno, acharia que a ironia e a revolta embalavam aquelas palavras. Agradecer essa tempestade de sofrimento? Como assim? Resolvi prosseguir na conversa.
- É que eu não posso desistir. Se há 2 anos Deus me trouxe quase 2 meses de UTI e não me trouxe a morte, porque traria agora? Eu vou até o fim.

E parecia bem coerente o seu pensamento. Em 2008 Eduardo fora desenganado pelos médicos. Enfrentou um coma de 18 dias e ao acordar só reconhecia a mãe. Não detinha os movimentos nem conseguia falar.

- Lembro que quando não conseguia falar, pedia minha voz de volta. Eu queria louvar. Eu queria pregar.

Em troca, Deus, a divindade que Eduardo entregava e resgatava forças, devolveu-lhe uma voz que hoje comanda o microfone da banda que o rapaz faz parte. E presente muito bem utilizado. O jovem a utiliza para no mínimo dar conforto às pessoas com quem convive.

Na página seguinte, outro escrito me chamou atenção:

“Deus, te apresento Guilherme. Quero vê-lo saudável como as outras crianças. Tem misericórdia de sua humilde vida.”

Guilherme era uma criança de 6 anos portadora de leucemia e que há 3 meses se encontrava em estado grave, internado. Perguntei a Eduardo se diante de tanto sofrimento ainda sobrava tempo para pensar nos outros. A enfermeira que trocava o seu soro naquele momento, apressou-se em responder:

- Ora se não! Antes de ontem, sangrando, ainda teve força para confortar a mãe de Ítalo.
Em tal situação, Eduardo, mesmo em crise, houvera chamado a mãe da criança em seu quarto, orado e cantado para ela. Na letra da canção, falara algo mais ou menos assim:

“(...) porque nada demais vai acontecer além do que Deus planejou para você...”

Horas depois Ítalo veio a óbito. Mas suas palavras, sem dúvidas, fizeram a diferença.

Eduardo tentou melhor se acomodar na cama e o lençol com que se enrolava descobriu a fralda descartável. Fiquei constrangido. E mais uma vez, na sua naturalidade fora do comum, ele gargalhou, e embora já sabendo a resposta, perguntou:

- Que é que foi?

- Como você ver o fato de hoje estar usando uma fralda descartável? – perguntei, desarmado.

- Já esqueceu das surpresas de Deus? – retrucou.

Franzi a testa. Respondi.

- É que nunca quando pequeno tive condições de usar fraldas descartáveis. Mas olhe como são as coisas. Hoje, com 16 anos, eu posso vestir uma!

Rimos. Eu realmente não mais estava no mundo real. E já que havia citado sua infância, pedi que me falasse sobre ela.
Eduardo era um dos 7 filhos de Nívea, 45, lavadeira, embora desempregada. Começara a trabalhar aos 6 anos, como engraxate. O trabalho entretanto não fora motivo para deixar de estudar. O que realmente lhe fez aos 14 anos largar a escola foi a doença, que começou com uma dificuldade para urinar. Internou-se no H. Santa Catarina, e uma ultra-sonografia identificou a profunda massa que ocupava sua bexiga.

Quando indagado sobre a imagem que o Varela representava para ele, o jovem não mais me surpreendeu:

- Luz. Muita luz. Tudo que a gente quer, se estiver no alcance deles, eles fazem por a gente.
Ainda quis saber se havia alguém que lhe tivera marcado no tratamento. E quando eu achava que Eduardo já havia me apresentado todos os valores mais nobres existentes no universo, ele ainda lembrou da gratidão.

- Muita gente. Mas Gisele, que hoje é enfermeira do Pavilhão 2, foi muito especial para mim. Lembro que quando ainda não tinha descoberto a doença, pedia ajuda, ela vinha, cantava hinos religiosos e alisava onde estava a dor até eu dormir. Até hoje, quando vem me visitar, faz uma grande festa.

Papo vai. Papo vem. E o estado de ecstasy mais se elevava. O tempo passava e sem me tocar, havia perdido a reunião. Depois de tanto aprendizado com Eduardo, impossível não pensar de imediato que havia sido providência de Deus. O relógio já marcava 10:50, quando a mãe do meu amigo chegava. A cumprimentei, parabenizei o fato de ser mãe de uma criatura daquelas e ela falou o que eu já imaginava saber.

- Ele tem a força de todos nós juntos.

Concordei com a cabeça. Eduardo interrompeu e pediu que a mãe buscasse na bolsa uma foto de seu estado em 2008, abatido, careca (muito embora ainda estivesse) e pesando seus míseros 34 quilos. O retrato era chocante.

- A gente anda com essa foto para dar força às pessoas que estão em tratamento. Eu sei que ainda estou doente, mas olhe como eu já estive.

Atrás da fotografia, as palavras de Eduardo: “Deus fez um milagre em minha vida”

E fará muito mais. Perguntei sobre os seus planos para o futuro e ele não hesitou:

- Depois que ficar doutor e vir trabalhar aqui, quero casar com Cristiane e ter filhos. Sendo que o doutor ainda está em dúvidas se eu posso ou não ter filhos por causa da radioterapia. Mas sem problemas. Eu posso ser pai. Posso adotar. – Riu. Para Eduardo não existiam problemas.
A porta do quarto se abriu e a médica trazia a notícia de que o meu amigo receberia alta. Ele sorriu e agradeceu a Deus. Comentei com ela sobre a minha admiração e ele nos interrompeu:

- As pessoas precisam valorizar a vida. Já pensei em desistir, mas parece que há uma força maior que eu. Eu nunca fui um menino de desistir fácil. Mas você saber que tem uma doença e que a qualquer momento pode morrer não é simples. É só acreditando e tendo a certeza de que há um controle maior que o seu que as coisas podem se confortar no seu coração. Se eu não tenho fé em Deus, eu não tenho esperança.

Saí daquele quarto tão desnorteado quanto um astronauta que passa 3 meses no espaço e pisa na terra pela primeira vez. Não sabia se agradecia a Deus por ter me presenteado com uma manhã daquela ou se sentia mais e mais vergonha por tantas vezes que julguei como problemas algumas meras situações que passava. Conhecer Eduardo fora, nos meus 18 anos, um dos momentos mais marcantes, e que sem dúvidas, me servirá de lembrança e de força para o resto de minha vida.
Quase 2 meses depois da conversa, Eduardo marcou uma celebração religiosa no hospital. No dia anterior ao evento, internou-se de emergência e para nós, os demais seres-humanos, aquilo seria impedimento. No outro dia, com sonda, soro e dor, Eduardo fez questão de celebrar o que tinha marcado. Cantou. Falou. Orou. A sonda até vazou e o incômodo lhe envolveu, mas ficou lá, em pé, fazendo o que mais amava. Envolver de luz quem naquele momento também precisava. Mães e crianças enfermas acompanhavam. Médicos. Enfermeiros. Psicólogos. ASG´S. A equipe inteira teve o privilégio de ver, naquela manhã, a manifestação de uma força. Fosse ela Deus, fosse ela qualquer outra divindade, fosse ela o destino, a ciência ou a natureza. Mas uma força que sem dúvidas, existe.

Terminado o culto, Eduardo subiu para o quarto e a crise aumentou. Dias depois, foi transferido para o H. U. Onofre Lopes e lá está até agora, já há mais de 1 mês. Na UTI, recebendo sangue e sendo submetido a procedimentos cirúrgicos. E todas as vezes que meu coração aperta, suas palavras me vêm à cabeça:

“Nada demais vai acontecer além do que Deus planejou para você...”

Muito obrigado, amigo!

sábado, 3 de julho de 2010

"A Identidade, por favor!"


Dentro do meu repertório de sonhos, eis então um que não era tão alto. Bastava ter ao meu favor tempo, para o dia chegar, Deus, para que eu pudesse chegar até ele, e calma, para conseguir esperar. Ser maior de idade! Poxa! MAIOR de idade! É isso! Eu sou responsável, agora judicialmente, por todos os meus atos.

Acordei cedo. A propósito, como essa data há muito já havia sido planejada, cuidei da logística das coisas. Procurei não fazer a barba, comí as panelas para reduzir essa aparência desembrutecida e, como quem não quer nada, encontrei-me alí, de frente ao espelho. "Eu tenho cara de um MAIOR de idade? O que mudou tão intensamente em mim para que entre a noite de ontem e a manhã de hoje eu não seja mais o mesmo?".

A singeleza desse sonho pode ser comparada a um mosaico. É como se eu juntasse pedaços e mais pedaços de pequenas situações, aparentemente sem muita importância, e resultasse num quadro que só mais aumentava a minha ânsia pela espera desse dia. Não entenderam?

"Bom dia! O senhor já possui o Cartão Riachuelo?". Ao escutar a célebre frase, batia-me um misto de sentimentos. Alegrava-me pensar que aquela vendedora, cuja proposta era fazer um contrato com um indivíduo MAIOR de idade, oferecia-me o cartão. Ou seja, para ela eu parecia estar dentro dos critérios para a efetuação da venda. Por outro lado, uma reparável tristeza contrastava com essa alegria. Não que o motivo fosse deixar de ter o cartão para realizar as compras. Nesse aspecto os meus pais me salvariam. A tristeza era ter que responder e, principalmente, lembrar, que não podia efetuar o contrato porque a minha idade ainda não permitia isso.

Situações do tipo eram rotineiras, tornaram-se comuns. Mas no verão deste ano, um caso especialmente me enfureceu. Era o dia 20 de janeiro, quarta-feira, às 22h, hora em que a noite começa a acordar, e conversava com Lissa, minha prima, num pub da cidade, quando um garçom nos chamou a atenção. "Por favor, poderiam-me apresentar algum documento de identidade?". Entreolhamo-nos assustados. De início, a idéia da menoridade não passara nem perto de nossas cabeças. Será que a polícia nos procurava? Estavam nos confundindo com algum foragido da justiça? Eu? Lissa? Nós? Pus a mão no bolso e só me restava o celular, o dinheiro e um cartão que, por sinal, não era da Riachuelo. Tratava-se do cartão de consumo do bar. Lissa, contudo, na mesma. "Não estamos com nenhum documento, colega. Algum problema?" perguntei pacificamente. "Sim! A partir das 22h a casa não permite a permanência de menores de 18 anos sem que estejam acompanhados de algum responsável.", ele respondeu, rasgando-me por dentro como quem corta rodelas de tomate de uma só vez. "Como assim? Você está querendo insinuar que nós somos menores de idade?" respondi, esquecendo a passividade. Pisaram no meu calo! "Não, meu senhor...". Gostei do "senhor"! "É que preciso que vocês me comprovem que possuem idades realmente iguais ou maiores que 18 anos.", ele rebateu. "Ah, é? Então você vai passar de cliente em cliente, perguntando, inclusive , pro senhor da mesa à frente, se ele está com o documento de identidade?", insisti. Lissa me olhou desolada e vi que não adiantava persistir na batalha. Eu mesmo estaria cavando o nosso buraco. Fomos ao caixa e pagamos a conta, exigindo não pagar o couvert, visto que o show mal acabara de começar. E como se o constrangimento não bastasse, vimo-nos no meio da rua, sem simplesmente ninguém para nos levar em casa. A família inteira veraneava naquele momento, bem longe da gente. Olhamos para um lado. Para o outro. Nos olhamos. Dei um sinal. Largada a corrida! 3 minutos de uma maratona 500 km/h, rezando incessantemente a cada passada. Cruzamos a Prudente, atravessamos a celestial Praça Cívica, e, aliviados, chegamos em casa. Lissa, ainda sem fôlego, exclamou "Ufa! Nascemos de novo!". Tomei um susto, desesperei-me e rebati "Não! Pelo amor de Deus! Mais 18 anos não!".

Ter a compainha de meus pais na hora de assinar qualquer contrato também foi uma constante. Mas isso, ao contrário, jamais me incomodou. Nesse aspecto, toda a problemática se contrasta. Pois se a condição para tê-los alí, ao meu lado o tempo inteiro, fosse ser menor de idade, eu, sem dúvidas, abriria mão da maioridade. Não que me sinta alguém dependente. Independente também não. O que acontece é que essa responsabilidade me garantia a presença permanente deles. Mas bem os conheço e sei que embora agora eu seja realmente responsável pelos meus atos, eles continuam aqui, ao meu lado. Eles continuam aqui, dentro de mim.

Acompanhar-me ou pelos menos procurar compainhas mais maduras sempre foi uma de minhas caracteríscas. Nunca, em momento algum, estive completamente satisfeito com minha idade e é por isso que o sonho dos 18 anos acabou se agigantando. Vou, por fim, aproveitá-lo. Aproveitá-lo enquanto posso, pois me conheço e sei que não tardará para os 21 estarem nos meus planos. Os 25 em seguida. Os 30, logo após. Os 35 ainda vão. Os 40, menos sonhados. E depois... a vontade dos 14, 15, 16 e 17 finalmente aparecerá. Eita! Bateu uma nostalgia agora...

Enfim, agora, MAIOR de idade, vou fazer jus ao sonho. Passarei milhões de vezes pela porta da Riachuelo, escutarei milhões de vezes a vendedora perguntar "Bom dia! O senhor já possui o Cartão Riachuelo?", e milhões de vezes responderei "Não. Não tenho o cartão da loja. Mas não é que eu seja menor de idade. Não! Eu tenho 18 anos! É que estou um pouco ocupado agora. Vou assinar a um contrato, depois preciso ir à auto-escola, e depois vou àquele Pub que a partir das 22h só permite MAIORES de idade. Fica para depois, certo?"

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arraiá Felizcontente


O Projeto Felizconto promove, pela primeira vez, o Arraiá Felizcontente. A ação ocorrerá nessa sexta, dia 18, às 14h, no H. I. Varela Santiago.

O evento tem a realização dos voluntários do projeto. Se você deseja ser parceiro dessa festa, entre em contato conosco. Doe. Se doe!


8741 0537 - Victor

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Projeto Felizconto. Quem somos?


Junho de 2009. Mês em que o sonho nasceu. Pré-vestibular. Pouco restava tempo destinado às atividades que me realizavam por completo. Ficar longe dos palcos, textos, ensaios e daquela rotina para mim essencial era quase que tortura.

Duas semanas foi o período dado no ano letivo para que os alunos pudessem usufruir de recesso. Não houve outra! Senti que o tempo precisava ser bem empregado e, na verdade, ele foi muito mais que isto. O tempo me permitiu dar origem a um projeto que aflorou ainda mais a minha sensibilidade, me fez um cidadão ainda mais consciente de minha função social e um ser-humano ainda mais investidor do amor por intermédio da solidariedade.

Em princípio chamada de "Embola", a ação foi programada de maneira que na primeira semana das férias os ensaios de um espetáculo infantil pudessem acontecer e os dias seguintes fossem ocupados pela apresentação deste em 5 instituições de caridade. Assim foi feito. Juntei-me com três amigas, também envolvidas com o trabalho teatral, e no mini-prazo montamos a peça "Embola História", cujo roteiro tratava da junção de três contos: "Chapeuzinho Vermelho", "João e Maria" e "Procura-se um Príncipe". Em 40 minutos de apresentação, sentíamos o puro envolvimento das crianças e o quanto era simples levá-las por alguns instantes a mundos extremamente lúdicos.

Terminado o proveitoso recesso,a correria de pré-vestibulando voltou à tona. No meu coração, entretanto, a lembrança dos sorrisos mais singelos e agradecidos não permitia que eu deixasse para trás um projeto assim.

Janeiro de 2010. Aprovado no vestibular, não mais havia pretexto para estacionar o voluntariado. Com o desencontro de horários, acabei, infelizmente, tendo que levar o projeto só, mesmo reconhecendo mais tarde que, na verdade, eu, no meio de meu generoso público, também estava bem acompanhado. Estava completamente envolto por amor, carinho, encanto e admiração.

Agora chamado de "Felizconto", o projeto traz como roteiro uma contação de histórias onde o personagem Teco, em pouco mais de 20 minutos, representa, através de recursos teatrais, as histórias "Bom Dia, Todas as Cores", de Ruth Rocha, e "As Maçãs Mágicas", de minha autoria. Terminada a contação, são desenvolvidas atividades que se relacionam de alguma forma com as histórias, e crianças, pais e funcionários acabam por deixar sem perceber a imaginação dar o comando.

Com primeiras edições no Hospital Infantil Varela Santiago, o projeto engatinhou e passou a visitar demais instituições de caridade. Chegamos ao Orfanato Nosso Lar, no bairro de Lagoa Seca, e ao Centro de Educação Infantil Mãe Sinhá, em Parnamirim. Bem recebidos, colorimos por corridas horas a dura realidade de inúmeras crianças.

Ter sempre ao meu lado pessoas que apostam e compram os meus sonhos comigo é primordial. Familiares e amigos se envolveram no projeto de maneira estimulante. Fosse por doação de materiais, fosse por doação de amor, ou de pura entrega. Em visitas, o projeto também recebe voluntários que se engajam de alguma maneira no trabalho. Não houve uma edição que eu precisasse de amigos comigo e que estes não estiveram à disposição. A todos o meu muito obrigado.

Depois de 20 edições, o projeto vem se organizando e ganhando forças com o apoio de parceiros humanizados e realizadores de sonhos. Para o próprio voluntário, o retorno é mais que valioso. Somente o fato de saber que é útil e importante para alguém que precisa dele já é em muito encantador.

Hoje, a inserção do "Parceiro Felizcontente" acontece de diversas maneiras. As atividades são divididas entre grupos, de maneira que, quando unidos, possam realizar as edições do projeto:


1) Voluntariado de Animação

A ação se dá pela visitação dos voluntários às instituições e à execução de atividades recreativas com o público atendido.


2) Voluntariado de Apoio

Também requer a visita do voluntário às instituições e consiste no apoio deste quanto aos serviços necessários para o evento, seja na cozinha, seja no transporte, seja na montagem de estrutura, na limpeza, ou na instalação de recursos utilizados no evento.


3) Voluntariado de Produção

A este voluntário é dada a função de promover, divulgar, bem como reunir os integrantes para o planejamento de programação. Também compete a ele o agendamento de horários, a apresentação do projeto e o cadastramento das instituições.


4) Voluntariado Financeiro

Consiste na doação de materiais utilizados pelo projeto nos eventos. Para isso, uma lista de material é sistematicamente divulgada e o voluntário pode arcar com algum tipo de contribuição.


As visitas hoje ocorrem semanalmente, sendo intercaladas entre o Hospital Infantil Varela Santiago e o Orfanato Nosso Lar. Em breve daremos início às edições também em outras instituições. O integrante pode engajar-se em mais de um serviço voluntariado.

É de maneira singela que conseguiremos transformar a nossa sociedade. É tentando, de início , envolver de amor o meio no qual estamos inseridos para que o afeto seja expandido e o mundo possa, ainda, mudar para melhor. É possível ver tudo o que está acontecendo e ficar parado? Se temos acesso a ferramentas que podem ser usadas para as mudanças, porque não usá-las? Porque não engajar-se?


Para tornar-se "Parceiro Felizcontente", entre em contato conosco, através de projetofelizconto@hotmail.com. Contamos com você nessa empreitada por quem precisa da gente!


Victor Ferreira

Projeto Felizconto